O desejo por um tom dourado na pele pode ter um custo alto para a saúde
Mesmo que ainda faltem meses para a chegada do verão no Brasil, os fãs das férias na praia já estão se preparando para conquistar aquele bronzeado.
Para isso, algumas pessoas recorrem ao bronzeamento artificial, por parecer uma alternativa rápida e eficaz, mas o que muita gente não sabe é que esse procedimento pode causar sérios danos à saúde, inclusive alterações permanentes no DNA.
Ainda assim, celebridades e influenciadores continuam a divulgar seus resultados nas redes sociais, incentivando o público a seguir o mesmo caminho.
Qual a diferença entre o bronzeamento natural e o artificial?
O bronzeamento natural, quando feito de maneira consciente e segura, pode trazer alguns benefícios — o mais conhecido deles é a produção de vitamina D, que é sintetizada pelo organismo quando exposta à luz solar, e é essencial para a saúde óssea, muscular e imunológica.
Felizmente, esse benefício não depende de longas horas sob o sol: bastam cerca de 15 minutos de exposição solar por dia em horários seguros (antes das 10h ou após as 16h), sempre com filtro solar aplicado e proteção adequada (óculos, bonés e roupas leves de manga longa).
Já o bronzeamento artificial, realizado em câmaras que emitem radiação ultravioleta (UV), não oferece nenhum benefício à saúde — exceto o efeito estético para quem gosta do visual — e aumenta consideravelmente os riscos de câncer de pele.
UVA e UVB: quais os perigos?
As câmaras de bronzeamento emitem principalmente (mas não somente) raios UVA, que penetram profundamente na pele e causam danos invisíveis ao DNA. Já os raios UVB, presentes principalmente no sol, são os principais responsáveis pela vermelhidão e queimaduras.
Apesar de não causar vermelhidão, o UVA é igualmente perigoso, pois danifica as células silenciosamente, acelerando o envelhecimento da pele e favorecendo o surgimento de tumores malignos.
O que a lei determina sobre o bronzeamento artificial?
Em 2009, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu o uso de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos no Brasil, por meio da RDC nº 56/2009. A decisão teve como base os estudos da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), vinculada à OMS, que classificou a radiação UV artificial como carcinogênica para humanos.
Apesar das evidências científicas, um Projeto de Lei (PL 1285/22) propõe que a prática seja liberada no país com o argumento de “fomentar a economia do setor estético”. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica se posicionou contrária a este projeto, classificando a proposta como um retrocesso com graves riscos à saúde pública.
O que o bronzeamento artificial pode causar?
A exposição frequente aos raios UVA, seja natural ou artificial, pode provocar:
- Danos irreversíveis no DNA celular;
- Envelhecimento precoce da pele;
- Manchas, rugas e perda da elasticidade;
- Aumento do risco de câncer de pele
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o uso de câmaras de bronzeamento aumenta em até 20% o risco de desenvolver melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele. E se iniciado antes dos 35 anos, esse risco sobe para 59%.
Danos permanentes no DNA
Portanto, o Leall esclarece: tanto o bronzeamento natural como o artificial geram danos irreversíveis no DNA através dos raios UV.
A única forma segura de adquirir um tom bronzeado na pele é por meio de autobronzeadores, que agem apenas na camada superficial da derme, não emitem radiação e têm efeito temporário.
Outra alternativa é incluir alimentos ricos em betacaroteno na dieta, como cenoura, abóbora, mamão e manga, que ajudam a estimular a pigmentação da pele e realçá-la naturalmente.
Cuidados preventivos sempre!
Seja qual for sua relação com o sol, a proteção contra o sol é indispensável. É necessário utilizar diariamente um filtro com FPS 30 ou mais, reaplicá-lo ao longo do dia e evitar a exposição nos horários de maior intensidade (entre 9h e 15h).
A cor da pele pode até mudar temporariamente — mas os efeitos do sol (ou da radiação artificial) permanecem para sempre no organismo. Cuide-se!




